No nosso segundo dia em Dhaka resolvemos pegar um Uber e ir até o Forte Lalbagh, uma fortaleza incompleta do século XVII construída durante o império Mogol.
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Enquanto o taxista nos conduzia até Old Dhaka, nossos olhos não conseguiam se desviar da intensa movimentação da cidade, e os painéis espalhados pelos muros também atraíam nossa atenção.
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Após pagarmos 500 bengalis (o preço é mais barato para os residentes) pela entrada do Forte Lalbagh, começamos a explorar seus jardins e a admirar os edifícios históricos que compõem o local.
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A construção do Forte de Lalbagh começou em 1678 d.C. pelo Príncipe Mughal Muhammad Azam Shah, o filho mais velho do Imperador Aurangzeb. Iniciada durante seu mandato como Vice-rei de Bengala, a construção do forte foi interrompida quando ele foi convocado de volta a Delhi por seu pai, deixando-o inacabado.
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Abandono e Superstição: Shaista Khan, o próximo governador Mughal de Bengala, assumiu o projeto mas não o completou. A morte prematura de sua filha, Pari Bibi, levou ao abandono do forte, lançando uma sombra de superstição sobre ele. O estado incompleto do Forte de Lalbagh tornou-se um símbolo de ambição não realizada e intriga histórica.
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O Forte de Lalbagh é um testemunho da arquitetura Mogol, apresentando uma mistura de influências persas, turcas e indianas. O complexo do forte inclui três estruturas principais: o Diwan-i-Aam, a Mesquita Quilla e o Mausoléu de Pari Bibi.
O Mausoléu é mais conhecido como o túmulo de Pari Bibi, filha favorita de Mughal Subedar Shaista Khan. O edifício tem um total de nove quartos com um túmulo no meio e oito quartos ao seu redor. O cume da câmara central é coberto com folhas de cobre. A tumba quadrada, de 20,2 metros, foi construída antes de 1688 d.C.
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O Diwan-i-Aam, um edifício de dois andares, serviu como residência do governador Mogol. Achei que fossemos encontrar um museu com artefatos Mughals, como moedas, pinturas, tapetes e armas nesse edifício, mas não havia nada exposto.
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No entanto foi possível ver uma sala de banho da época.
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Dizem que no Forte de Lalbagh existe uma complexa rede de túneis subterrâneos. Esses túneis teriam sidos supostamente concluídos durante a construção do forte e são objeto de numerosas lendas e mistérios.
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Durante a Revolução dos Cipaios de 1857, diz-se que soldados de ambos os lados entraram nesses túneis e nunca mais foram vistos, aumentando a reputação enigmática do forte.
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Entre as estruturas do Forte Lalbagh, a que achei mais bonita foi a denominada South Gate. A imponente arcada de três andares é ladeada por duas torres com uma espécie de minaretes. Há grandes portas em arco para entrada em ambos os lados da arcada.
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Também foi interessante subir nas muralhas do Forte e admirar de outro ângulo as construções históricas.
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A Mesquita Quilla, que fica dentro do forte, estava fechada, mas na hora do chamado de Alá vimos várias pessoas se dirigindo a ela para rezar. Talvez só abra durante o período da oração.
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Depois de visitar o forte, resolvemos nos aventurar pelas ruas da Velha Daca. Nossa intenção era chegar a outros monumentos históricos. No entanto, tal missão foi desafiadora, pois há muitas vielas estreitas e ruas congestionadas, e acabamos nos perdendo mesmo com o GPS ligado e não encontrando alguns lugares que gostaríamos de visitar.
Eu, particularmente, gostei bastante de Old Dhaka. O que realmente incomodou um pouco foi a poluição sonora.
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Old Daca é uma região rica em história e cultura, onde a vida urbana moderna se mistura com as tradições seculares. Fundada durante o Império Mogol no século XVII, Old Daca era um importante centro comercial e administrativo, o que se reflete em seus antigos bazares, mesquitas e mansões que ainda permanecem como testemunhas do passado.
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As ruas são movimentadas, repletas de riquixás e mercados abarrotados, onde vendedores oferecem uma infinidade de produtos, de temperos exóticos a tecidos coloridos.
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Embora vibrante e culturalmente rica, Old Daca enfrenta desafios como o crescimento urbano desordenado e a falta de infraestrutura moderna. No entanto, essa parte da cidade mantém um charme autêntico. Passear pelas ruas estreitas, explorar os bazares e visitar os monumentos históricos é uma forma de vivenciar a essência de Daca em sua forma mais pura.
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Old Daca, com sua mescla de história e vida cotidiana dinâmica, continua sendo o coração cultural de Bangladesh, um lugar onde o passado encontra o presente de maneira fascinante.
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No entanto, chegou um momento que ficamos receosos de não conseguirmos sair daquele emaranhado de vielas. Quando percebemos, chegamos a portaria de aparentemente um parque e fomos informados que estávamos na Universidade de Daca.
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A Universidade de Daca, fundada em 1921, é a mais antiga e uma das instituições de ensino superior mais prestigiosas de Bangladesh. Localizada no coração de Daca, a universidade tem desempenhado um papel crucial na educação, pesquisa e movimentos sociopolíticos do país, tornando-se um símbolo de excelência acadêmica e um centro de ativismo cultural e político.
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A universidade foi estabelecida durante o período colonial britânico com o objetivo de promover o ensino superior no leste da Índia britânica, que mais tarde se tornaria o Paquistão Oriental e, posteriormente, Bangladesh. Desde sua criação, a Universidade de Daca teve um papel fundamental no desenvolvimento da educação moderna na região, sendo considerada a "Oxford do Oriente" em seus primeiros anos devido ao alto padrão acadêmico.
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A universidade não é apenas um centro de aprendizado, mas também um local significativo para a história política de Bangladesh. Ela foi um dos epicentros do movimento pela língua bengali nos anos 1950, que exigia o reconhecimento do bengali como língua oficial do Paquistão. Este movimento resultou no "Dia do Movimento da Língua" em 21 de fevereiro de 1952, que é hoje celebrado como o Dia Internacional da Língua Materna.
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Nos anos seguintes, a Universidade de Daca também desempenhou um papel importante na luta pela independência de Bangladesh em 1971. Muitos de seus estudantes e professores estiveram na linha de frente dos protestos e foram perseguidos durante o conflito.
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Atualmente, a Universidade de Daca oferece uma ampla gama de cursos de graduação e pós-graduação em diversas áreas, como ciências, artes, ciências sociais, engenharia, direito e medicina. A instituição possui cerca de 13 faculdades, 83 departamentos e uma série de institutos especializados que promovem a pesquisa e a inovação. Com uma comunidade acadêmica vibrante, a universidade é conhecida por seu ambiente intelectual dinâmico e pelo incentivo à pesquisa interdisciplinar.
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O campus principal é extenso e abriga uma mistura de edifícios históricos e instalações modernas, além de espaços verdes e áreas de convivência.
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Um edifício histórico da Universidade de Daca, conhecido por sua arquitetura impressionante é o Curzon Hall. Este edifício foi construído em 1904 e batizado com o nome do Lord Curzon, o vice-rei da Índia na altura. O tal vice-rei da Índia, Lord Curzon, teve uma visão – ele queria criar uma prefeitura espetacular para a cidade. No ano de 1904, a fundação para este edifício de tirar o fôlego foi lançada, mas devido à divisão de Bengala, o Curzon Hall se tornou o Dhaka College em 1911. Somente em 1921, o edifício assumiu sua posição como parte da divisão de ciências da Universidade de Dhaka.
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O Cuzon Hall apresenta um estilo arquitetônico clássico, que combina elementos da arquitetura colonial britânica com toques de design islâmico. A fachada do edifício é notável por seus arcos, colunas e detalhes decorativos que remetem à era do Raj britânico.
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Conseguimos conversar com um professor no Cuzol Hall e ele nos levou para conhecer um pouco de um dos espaços internos. No entanto, estava havendo um exame de admissão para alguns estudantes e preferimos não incomodar ou atrapalhar os futuros universitários. Segundo o professor, os exames são concorridos e somente as melhores cabeças de Bangladesh conseguem estudar na Universidade.
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Além de seu papel acadêmico, o Cuzon Hall tem uma importância histórica significativa. Durante o movimento pela língua bengali, na década de 1950, o edifício foi um local de reuniões e protestos, abrigando estudantes e professores que se opuseram à decisão do governo de impor o urdu como a única língua oficial do então Paquistão. O movimento resultou no "Dia do Movimento da Língua" de 1952, um marco na história do país e um passo importante para o reconhecimento do bengali como língua oficial, além de ser um evento precursor da luta pela independência de Bangladesh.
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A coloração vermelha do edifício é extremamente única, considerando que arenito vermelho não foi usado. Ao redor do Curzon Hall também há uma série de edifícios que podem ser explorados, como o Old High Court, o Mausoléu dos Três Líderes, o Shaheedullah Hall e o Dhaka Gate.
Depois que saímos da Universidade de Dhaka, continuamos andando e chegamos até o Museu Nacional de Bangladesh. No entanto, optamos por não entrar, pois já estávamos cansados e museu sempre demanda tempo. Uma pena, pois seria uma oportunidade de aprender um pouco mais sobre a história, cultura, arte e arqueologia do país. O museu também abriga exposições sobre a luta pela independência de Bangladesh.
O Museu Nacional do Bangladesh (Bengali: বাংলাদেশ জাতীয় যাদুঘর), inicialmente estabelecido a 20 de Março de 1913, ainda que com outro nome, e formalmente inaugurado a 7 de Agosto de 1913, recebeu o estatuto de museu nacional do Bangladesh a 17 de Novembro de 1983. Localiza-se em Shahbag, Dhaka.
This featured blog entry was written by patipelomundo from the blog O mundo é um livro.
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